quinta-feira, novembro 25, 2004

O "Lixo"

"Relações Públicas Ambientais"

O lixo é todo o material orgânico ou inorgânico que sendo proveniente de actividades humanas ou naturais, e de áreas urbanas ou rurais, não têm qualquer fim especifico de utilização.

Quando depositado em locais sem vigilância este acaba por ser uma fonte de poluição, contaminando o meio ambiente.

Os Mais Velhos

Hoje em dia fala-se muito em sensibilização, e a educação ambiental está na ordem do dia, tenta-se convencer as populações a aderirem à política dos 3 R’s (Reduzir, Reciclar e Reutilizar), ou seja, não faça tanto lixo, coloque os materiais passíveis de serem reciclados em ecopontos, e reutilize determinados resíduos.

Hoje, é fácil fazer uma grande campanha, aparecer nos meios de comunicação de massa, e dar grandes palestras sobre estas matérias, mas será que estamos a apontar as baterias para todos públicos?A educação ambiental pode, e deve, ser feita para todos os escalões etários mas não podemos centrar a nossa comunicação num eixo transversal que toque todos os públicos de igual forma.

Os públicos são diferentes, as formas de estar em sociedade são diferentes, os locais onde habitam são diferentes e não podemos esquecer que o próprio passado das pessoas é diferente.

Se pensarmos no tempo dos nossos avós ou pais, quando alguém ia ás compras não encontrava um grande supermercado, cheio de produtos, diferenciados por marcas, ia à mercearia mais perto de casa onde o esperava o “Sr. António”, que lhe ia dando os produtos pelo seu nome, o feijão era feijão, o arroz era arroz, e assim por diante.

Desta forma, tudo o que era adquirido naquela loja vinha quase sempre embalado da mesma maneira, ou seja, o pacote de papel trazia o arroz, um pacote igual trazia o feijão, açúcar etc., e isto quando o próprio que ia ás compras não levava o seu próprio saco para levar as mercadorias que tinha necessidade.

Esta geração de pessoas tem uma visão completamente diferente dos problemas ambientais, estes públicos não podem ser tratados como crianças ingénuas que começam a dar os primeiros passos na nossa sociedade, este público já se habituou a viver em determinadas condições em que o lixo produzido era reduzido e não nos tempos actuais em que nós somos praticamente obrigados a encher, quase diariamente, os nossos caixotes.

Falando em sensibilização, não se pode só apontar para os mais jovens embora ainda existe quem pense que os nossos avós não são um público alvo primordial, mas eu penso que pode ser sempre um público com muito a dar ao meio ambiente principalmente se apelarmos a valores que eles consideram mais altos, “A Saúde dos seus netos”
Os Dias de Hoje
Já repararam como somos obrigados a produzir cada vez mais lixo?

Uma nova forma de se pensar o ambiente nasce a cada esquina, mas a sensibilização que se faz não aborda um dos maiores problemas da nossa sociedade, as embalagens que somos obrigados a adquirir e os panfletos que não paramos de receber.

Com a revolução industrial a sociedade começou a viver uma evolução que até a data jamais se tinha verificado, a produção em serie levou a que os produtos fossem fabricados mais rapidamente, surgiram novas empresas e a oferta superou largamente a procura.

Nestas circunstâncias os fabricantes tiveram a necessidade de dar notoriedade ás suas marcas e por consequência diferenciar o seu produto dos outros.

Hoje assiste-se a uma luta entre marcas, cujos produtos são idênticos, para serem diferentes dos concorrentes, inventam-se campanhas de comunicação, publicidade e marketing, “investem-se” rios de dinheiro e conseguem-se resultados, nascendo os lideres de mercado.

Os lideres de mercado ganham muito mais dinheiro e acabam por gastar ainda mais em novas campanhas de notoriedade e diferenciação.

Dada esta minha opinião, não quero que pensem que sou contra as campanhas, mas não posso deixar de mostrar o meu desagrado quando reparo que todas estas movimentações levam a que o nosso ambiente sofra com mais produção de “lixo” comunicacional.

Mas que lixo comunicacional é este?

Este lixo é todo aquele com o qual nós vivíamos perfeitamente bem se não existisse.

Já reparou na forma como somos entupidos de campanhas de Marketing Directo, são toneladas de papel que deitamos directamente no papelão ( quem coloca), muitas vezes sem o abrir, são os panfletos dos supermercados que não param de aterrar nos nossos correios, é o papel que aceitamos à saída do Metro ou na rua para colocarmos no caixote mais perto, enfim um “mar” de lixo comunicacional que para atingir um publico alvo reduzido é distribuído a milhares de outros que nunca iram entrar em contacto com as marcas ou instituições.

Mas não é só ao papel gasto que eu me refiro, nós levamos todos os dias para nossas casas outras formas de comunicação sem que por vezes tenhamos conhecimento, as embalagens.

Quando vamos a um supermercado, olhamos as prateleiras e vemos uma quantidade enorme de diferentes embalagens que contêm o mesmo produto, e muitas delas nem sequer vêm totalmente cheias, um desperdício que somos obrigados a engolir.

A Diferenciação leva a que os técnicos de marketing desenvolvam novas estratégias e embalagens mais apelativas, que sejam de uso mais fácil para o consumidor.

São criadas embalagens em cartão com plásticos que tornam a sua reciclagem muito mais dispendiosa, embalagens com um tamanho superior ao conteúdo, levando a um uso excessivo de matérias primas que seria inevitável, entre outras situações.

Que mudanças para o futuro?

Não podemos taxar cada vez mais os consumidores pela produção de lixo, estes nada podem fazer, o lixo entra pelas suas casas sem que estes dêem por isso, é necessária uma nova forma de agir por parte dos técnicos de comunicação, marketing e publicidade.

Devem ser desenvolvidas novas formas de se passar as mensagens, de preferência em meios que não provoquem o surgimento de tanto resíduo sólido, o papel têm de deixar de ser um canal primordial de passagem de mensagem, as novas tecnologias têm de ser melhor aproveitadas.

As embalagens devem ter o tamanho ideal para o seu conteúdo para que se reduzir no consumo de matérias primas, e devem ser evitadas as misturas de diferentes materiais, como papel/vidro ou papel/plástico.

As empresas têm de deixar de se dizer ambientais, têm mesmo de o ser.

1 Comments:

At 2:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois é...eu devo ter um lugarzito no céu à minha espera, é que por acaso tento ao máximo contribuir para a melhoria do nosso meio ambiente, afinal de contas é o ar que respiramos!!!
Só tenho uma coisita a acrescentar: já que fazem campanhas, ao menos reunam condições para que as pessoas possam finalmente colaborar. Estou a dizer isto porque onde eu moro tenho os aconselháveis contentores para a separação de lixos bem AFASTADOS da maioria das pessoas. Só não há maior adesão à luta por um ambiente melhor porque também não há condições para o fazer. Eu própria falo com as pessoas para saber se fazem a boa acção mas todas se queixam do mesmo: "eu até fazia mas está tão longe que chateia ir com tanto peso para lá!".
Julgo que as pessoas já estão sensibilizadas mas realmente na prática o resultado não é tão bom quanto as campanhas.
jokitas
Daniela

 

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