quarta-feira, janeiro 26, 2005

Marketing Político

Em Portugal a aposta no marketing politica ainda anda na rua da amargura!

Esta campanha que vemos nas ruas, é um sinal negativo na evolução de boas estratégias de comunicação política e marketing político.

A imagem do politico não pode ser projectada apenas antes dos actos eleitorais, a imagem tem de ser criada, alimentada, e projectada ao longo do tempo, não se podem esperar grandes resultados quando apenas falamos ao povo na campanha.

Num olhar mais critico sobre as peças de marketing politico, percebemos que não existe um fio condutor, não existe uma estratégia delineada, os cartazes não passam disso mesmo cartazes, muitas das vezes sem ligação a nenhum conceito e muito menos a um posicionamento diferenciador.

O que assistimos nas nossas ruas é a uma invasão de cartazes de “mal dizer” uma aposta na projecção de uma imagem negativa da oposição. Se pensarmos que é isso que os políticos fazem nos seus comícios então talvez ai tenhamos a ligação, então diz-se e mostra-se.

A pergunta que se impõe é onde está a estratégia?

A verdade é que não existe! Existem algumas ideias demagogas, sem conhecimento de causa, e que são lançadas para a rua. Os políticos tratam os Portugueses como tontos, fazem-nos acreditar que as coisas estão realmente más e que tudo o que se faz é mau.

Não estou com isto a fazer qualquer tipo de campanha política, até porque em comunicação não partilho qualquer tipo de opinião baseada em fundamentos partidários, mas a verdade é que existem coisas que são bem feitas e que têm de ser comunicadas e existem problemas que têm de ser assumidos com a frontalidade de que só erra quem tenta.

Se perguntarmos qual é o eixo de comunicação seguido pelos partidos, nenhum deles é capaz de o demonstrar, não é definido um posicionamento para o candidato ou partido e acima de tudo não existe coerência entre a mensagem que se quer passar.

Um partido politico, é como uma empresa, e o candidato está para o partido como o produto está para a empresa.

Se o a meta de uma empresa é vender o seu produto, e para isso comunica, definindo uma estratégia com objectivos, eixo de comunicação, posicionamento, peças criativas para conseguir os seus objectivos um partido politico, que aposte no marketing politico, não pode agir de forma diferente.

Existe um candidato que se apresenta perante o eleitorado com um objectivo concreto, ser eleito e de preferência com uma maioria de votos. Logo existe um objectivo!

Se existe um objectivo porque é que não se define uma estratégia para se alcançar o que se procura?

Metodologia, meus amigos, metodologia! Tudo o que faz falta é definir o problema e encontrar uma forma de se resolver ou contornar o mesmo.

1º Definição do mercado - Esta definição do mercado passa por saber para quem comunicamos, procurar saber quais são as principais preocupações dos Portugueses, identificando as suas necessidades e expectativas. Procurar encontrar um ponto central dos valores sociais das massas.

Nesta definição deve ser feita uma segmentação do público alvo, saber o que preocupa a cada público, existem diferenças entre os jovens e os mais velhos, as mulheres e os homens, entre regiões e até mesmo entre classes sociais. A pesquisa sobre os públicos é importante para saber a opinião dos eleitores sobre assuntos importantes ou até mesmo sobre posições dos partidos assumidas em determinados assuntos.

A tendência de voto entre os públicos também é importante e desta forma é necessário investir mais nas áreas onde a expressão do partido tem sido menos relevante.

2º Definição dos objectivos de comunicação, efeitos de comunicação, posicionamento, eixo de comunicação, mensagem e o racional criativo – Os objectivos de comunicação são importantes para uma avaliação posterior dos resultados da campanha, atingidos os objectivos é meio caminho andado para a eleição.

Os efeitos de comunicação são importantes pois quando bem definidos e utilizados, levam a uma identificação mais rápida por parte do eleitorado.

O posicionamento é o mais importante, chamar a si uma característica única e forte que não poderá ser utilizado por mais nenhum outro candidato, sob a pena de ser visto como macaco de imitação por parte do eleitorado.

O eixo de comunicação será aquele adjectivo à volta do qual se centrará toda a comunicação.

A mensagem é aquilo que se quer transmitir, é a ideia central da sua campanha, esta tem de ser pensada por forma a conseguir atingir o maior número de eleitores, dai ser necessário uma definição dos veículos da mensagem, os cartazes, pagina de net, panfletos, comunicados, discursos políticos, debates, etc. Tudo é pensado em volta da mensagem.

O racional criativo é a frase incisiva que será utilizada pelos criativos de uma campanha para colocarem as ideias na rua.

3º A imagem do candidato – Este não pode mudar de argumentos ou pensamentos ao sabor da maré, tem de ser consistente no que diz, tem de se apresentar de forma a poder criar na mente do eleitor a sensação de proximidade, de igualdade.

Um candidato, sob pena de perder a credibilidade, não pode mudar a sua posição perto do acto eleitoral só porque lhe parece bem, até porque se, se partir do principio que existe uma definição de mercado e já foram consultadas as opiniões do eleitorado em relação a posições do mesmo, não pode cair no erro de dar o dito por não dito.

Isto acontece muito quando um candidato, por não trabalhar a seu marketing politico, aposta num tipo de mensagem enquanto é oposição e muda quando tem aspirações achegar ao poder.

Com isto os partidos vão beneficiar no sentido de dizer o correcto no tempo certo para as pessoas certas, com a vantagem de apelar aos seus próprios valores.

Estes são apenas alguns pontos que são esquecidos em Portugal, e é com muita pena que vejo, que mais uma vez o marketing político não está a crescer, mas sim a retroceder.

Tenho pena... bem-vindo é o que apetece dizer a alguns brasileiros, adeus é o que apetece dizer a outros.

1 Comments:

At 7:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A discrição sobre estratégia indentifica-se com algum tempo.
A primeira coisa lógica é que a política devia ser usada a favor dos cidadãos (todos) mas o facto é que usada pelos próprios cidadãoes.
Isto é, o marketing é usado em função da opinião pública e de acordo às respostas dos pensamentos públicos.
Agora depende do político que além de possuir uma boa agência de comunicação, consiga no terreno fora da esfera mediática o melhor para os cidadãos.
A nossa realidade confirma o que realmente queremos.. mas somos e seremos uma grande familia.

 

Enviar um comentário

<< Home